O outro lado do grande Capita que se foi
Como todos, fiquei chocado com a morte de Carlos Alberto Torres, o lendário jogador, que levantou o caneco do tricampeonato conquistado pela Seleção Brasileira em 1970, com o sorriso estampado no rosto de vencedor. Como jogador, já se sabe que ele inovou as funções de lateral-direito, sendo ofensivo, destemido e clássico, autor do quarto gol do Brasil na final contra a Itália.
Defendeu vários clubes- Fluminense, Santos, Botafogo, Flamengo, Cosmos de Nova Iorque- e, como técnico, logo em sua estreia foi campeão brasileiro pelo Flamengo, em 1983, vencendo o Santos na final por 3 a 0, sempre com a liderança que sempre teve. No futebol, foram tantas passagens que daria um livro e meio.
Só que peço licença para falar do outro lado de Carlos Alberto, falar do Capita. Faz uma semana que com ele tive um papo saboroso quando participamos do Redação SportTV, apresentado pelo André Rizek. Fora do ar, também relembramos velhas histórias, como aquela em que quando Pelé marcou seu milésimo gol, no dia 19 de novembro de 1969, o Capita- e aí um pouco do homem de rara sensibilidade- não deixou que ninguém se aproximasse do Rei, nenhum jogador, para que ele pudesse extravasar sozinho a sua alegria. Dizem que Pelé falou e agradeceu demais a bola. Nenhuma surpresa: Pelé e a bola deviam ser amigos íntimos.
Voltando ao Capita, homem de voz grossa e fala mansa, sempre tivemos mútua cordialidade. Nem falamos assim tantas vezes, mas parece que nunca tínhamos nos afastado, por circunstâncias da vida e das carreiras. Após o programa, o motorista Luís nos levou até a casa do Capita-ele sentando no banco da frente, eu no banco de trás- cruzando uma longa avenida da Barra da Tijuca, onde morava o Capita, em bela casa, com piscina. E foi lá que ele fez o convite para que, dia desses, eu e minha mulher, Valéria, fossemos almoçar em sua casa. Convite feito com satisfação, sorriso aberto.
Não deu, Capita. Fica para a próxima. Por enquanto, que Deus o receba para que você possa contar suas histórias e ouvir as dos outros capitães da Copas que já se foram – Belini, Mauro Ramos de Oliveira- conquistadas pela Seleção Brasileira. Inesquecíveis também. Mas, cada um ao seu jeito, já imagino o Capita contar suas passagens com o gargalhar breve e maroto de quem levava a arte, ao mesmo tempo, na seriedade e na brincadeira.
Adeus, Capíta!
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