Amarildo fez o papel de Pelé. Mas teve ajuda de Mané Garrincha. E hoje no drama Neymar?
Neste momento em que o Brasil lamenta a perda de Neymar para o resto da Copa do Mundo, vem à lembrança um fato ocorrido há 52 anos e que mais parecia um milagre: é que Pelé, na época já o maior jogador do planeta, sofrera grave contusão e temia-se que, com isso, o Brasil perderia a chance de ser bicampeão do mundo.
Corria o ano da Graça de 1962, era a Copa do Mundo do Chile e começo de junho. A estreia fora contra o México, 2 a 0, gols de Zagallo, de cabeça, e um golaço de Pelé, driblando três ou quatro mexicanos, pela direita, antes de chutar a bola para as redes. Quem ousaria parar o Rei do Futebol?
Ah, quis o Destino que ele mesmo. Na segunda partida do Brasil, aos 30 minutos do primeiro tempo, Pelé arriscou um chute de fora da área e com tanta força que não suportou: passou a mancar até ser retirado de campo- tinha sofrido estiramento do músculo adutor-, deixando a Seleção com 10 jogadores, pois na época não podia haver substituição.
O Brasil estava perdido?
O que veio a seguir provou que não estava. O técnico Aymoré Moreira, considerado um estrategista, lançou mão de Amarildo, apelidado "O Possesso" pela fúria e determinação ao jogar, fazendo-o cair mais pela esquerda, como um ponta, já que Zagallo, meia-esquerda de origem, poderia fazer dupla função- de ajudar a armar o jogo e, quando preciso, fazer a cobertura de Nílton Santos, a "Enciclopédia do Futebol", já veterano, mas que ainda gostava de arriscar arrancadas ao ataque.
Amarildo era um ano mais velho do que Pelé, longe de ser tão talentoso, mas funcionou: marcou os dois gols da vitória contra a Espanha, aproveitando um centro de Mané Garrincha e o outro de Zagallo, triunfo considerado fundamental bicampeonato. Havia, no entanto, um detalhe: Garrincha deixava de ser aquele ponta-direita autêntico, movimentando-se também pelo meio, multiplicando-se e fazendo gols de cabeça- contra o Chile-, de fora da área (contra a Inglaterra, quando marou d e também de cabeça). Mané fez 4 gols nesta Copa, Amarildo 3.
Só que o último gol de Amarildo, foi também decisivo. Na final, o Brasil perdia para a Checoslováquia (gol de Masopust), quando "O Possesso" empatou com um chute cruzado, quase sem ângulo, como se fosse um ponta-esquerda. Não satisfeito, centrou a bola na cabeça de Zito para este marcar o segundo gol brasileiro, placar completado por Vavá, depois se falha do goleiro adversário.
Brasil, 3 a 1. Brasil, bicampeão do mundo!
Quanto a Amarildo jogou no Milan, na Fiorentina, na Roma, todos do futebol italiano. Fez muitos gols, mas não consta que tenha sido um fenômeno.
Fenômeno foi mesmo quando substituiu Pelé, mas ajudado, é claro pela inspiração mágica de Mané Garrincha.
Hoje não temos Neymar, não temos Amarildo e muito menos Mané Garrincha. Mas é possível dar um jeito: que tal colocar Bernard, o garoto da tal "alegria nas pernas", como o define Felipão lá na ponta esquerda para infernizar a vida de Laham, que voltou agora á lateral- direita, depois de perambular pelo meio-campo. Já não deve estar acostumado a posição.
Além disso, para ajudar o Bernard como foi feito em 62, fazer de Fred um centroavante mais móvel dentro da área, auxiliado por Hulk e seu chute forte de esquerda.
São nomes bem mais modestos do que aqueles de 62, reconheço. Mas é o que temos.
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