Mestre de artilheiros: todo clube devia ter um
Roberto Avallone
25/02/2019 03h45
A idéia não é exatamente nova. Mas pelo que se sabe, jamais foi colocada em prática. E é bem simples, bem lógica: se ao adotar o treinador de goleiros com o tempo o Brasil passou a ser a grande referência na posição (antes, os argentinos eram os Monstro Sagrados das redes) e o futebol passou a ser uma gigantesca indústria, por que não se cria a figura de Mestre (especialista) em outras posições?
Para começar, seria bom mexer com os homens que têm como missão fazer gols. Antes, no Brasil, centroavante nem precisava ser figurinha carimbada, existia aos montes, de todos os estilos, era uma referência para o mundo: Romário, Ronaldo Fenômeno, Careca- e dai por diante, para nem se falar nos mais antigos como Vavá, Mazzola, Ademir de Menezes (artilheiro da Copa do Mundo de 50, etc. Já nem me refiro a tempos mais remotos e jogadores que não vi em ação como Leônidas da Silva. O lendário Friednreich…
Hoje, nem se pede grandes goleadores, mas o mínimo que o futebol tem obrigação de oferecer. Quem é grande centroavante brasileiro hoje? Falava-se do jovem Pedro, do Fluminense, que se machucou; Firmino, do Liverpool, tem lá as suas virtudes, enquanto Gabriel Jesus (nenhum gol da Copa da Rússia), caiu de produção e basta um "camisa 9″ exibir algum ponto forte- como Gustagol, ótimo cabeceador do Corinthians- para ter suas virtudes exaltadas ao exagero.
Quando se vê um Borja perder inacreditável série de " gols feitos" ou outro centroavante similar desperdiçar chances claras, logo vem a sentença: "o técnico teria de ensinar". Não é assim, o treinador não tem obrigação de ser o Mestre em todos os fundamentos. Assim como Waldir Joaquim de Moraes, grande goleiro do passado, ajudou aos que estavam iniciando a carreira, só traria benefícios aos candidatos a artilheiros (hoje, estamos mais nesse ítem), se um Zico ensinasse as manhas dos dribles e dos arremates, se um Petkovic ajudasse os canhotos a fazer o que ele fazia, se um Evair desvendasse para os garotos os segredos dos chutes e das cabeçadas.
Tudo devidamente remunerado, é claro. Como em uma empresa, carente de "pé- de- obra" qualificada.
Sobre o Autor
Sou Roberto Avallone, jornalista esportivo há mais de 45 anos. Primeiro o jornal, depois o rádio; mais tarde a TV. E finalmente, a tal da internet. Troquei a velha Remington - de som marcante e inspirador - pelo mouse e teclado. Seja qual for o meio, seja qual for o ano corrente, lá estarei eu falando sobre minha grande paixão: o futebol. Tem gente que gosta do que faz. Eu faço o que gosto. A diferença parece sutil - mas não é, e faz toda a diferença. Palpitem, opinem, contestem, concordem e discordem neste blog democrático. Não prometo atualizações minuto-a-minuto, nem respostas a todas as perguntas, mas tenham a certeza de que lerei todas elas e darei o meu melhor em matéria de informações, bastidores e memórias. Sejam bem vindos, caros amigos futeblogueiros.