Luto no Ninho do Urubu: dúvidas e divergências
Roberto Avallone
11/02/2019 03h17
1- Sob o forte impacto e da tragédia de 10 meninos/jogadores mortos no Ninho do Urubu, surgiram divergências entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Flamengo. Não estou aqui para acusar, apenas para relatar: leio no Uol que a Prefeitura argumenta que faltam ao Flamengo a permissão de três órgãos para o funcionamento do CT : Secretaria Municipal de Fazenda, Secretaria Municipal de Urbanismo e Corpo de Bombeiros.
O clube, através de seu CEO eximiu-se de culpa. E, ainda lendo, fico sabendo que houve quem perguntasse sobre as razões de porque o CT não ter sido interditado, se não havia a aprovação dos órgãos adequados para o caso.
Sei que são mais argumentos técnicos, com certeza tardiamente debatidos, e então, ainda impressionado pelos lamentos dos familares no enterro de vários desses 10 meninos jogadores mortos, digo que me impressionou a tristeza (assim como as dúvidas) de Zico, talvez o maior ídolo da HIstória do clube. Ao conceder entrevista para o SporTevê, Zico, flamenguista desde sempre, questionou "se foi mesmo uma fatalidade" (sem acusar), se poderia a tragédia ter sido evitada e falando com muita convicção de que o alojamento não era o ideal para para morar- e sim para um descanso entre os treinos- e que "não tenho claustrofobia. mas nos quartos não tinha como escapar, escapar por onde?"
Quer dizer: não tinha rota de fuga. E em casos de acidentes como esse que ocorreu?
Com muita seriedade, repito que Zico não chegou a acusar o clube que ama, mas apenas questionou como cidadão comum e responsável se as condições do alojamento- especialmente no quesito moradia- estavam acima de prevenir e conter o incêndio que acabou com os sonhos e as vidasde 10 meninos.
Vai-se discutir, talvez por um bom tempo, a quem os laudos técnicos atribuirão culpa. Isso não sei, seria prepotência entrar no mérito daquilo que não entendo. Sei, no entanto, que o tempo pode amenizar a dor de relembrar os horrores dessa tragédia, mas que não poderá devolver jamais os sonhos dos meninos mortos e seus familares ainda perplexos.
E que, como todo ser humano, fico curioso em saber se tanto sofrimento poderia ter sido evitado.
Sobre o Autor
Sou Roberto Avallone, jornalista esportivo há mais de 45 anos. Primeiro o jornal, depois o rádio; mais tarde a TV. E finalmente, a tal da internet. Troquei a velha Remington - de som marcante e inspirador - pelo mouse e teclado. Seja qual for o meio, seja qual for o ano corrente, lá estarei eu falando sobre minha grande paixão: o futebol. Tem gente que gosta do que faz. Eu faço o que gosto. A diferença parece sutil - mas não é, e faz toda a diferença. Palpitem, opinem, contestem, concordem e discordem neste blog democrático. Não prometo atualizações minuto-a-minuto, nem respostas a todas as perguntas, mas tenham a certeza de que lerei todas elas e darei o meu melhor em matéria de informações, bastidores e memórias. Sejam bem vindos, caros amigos futeblogueiros.