A imprevisível vida de goleiro. E Jobson, a última chance?
Roberto Avallone
17/09/2014 00h51
1- Pinço a barração do jovem goleiro Fábio, do Palmeiras, para pensar um pouco na loucura que é a vida dos goleiros, em um dia heróis e em outros detestáveis, vilões. Já são conhecidas as histórias de grandes goleiros que deram a volta por cima- como Gylmar dos Santos Neves, afastado por um bom tempo Corinthians em seu começo de clube, após levar 7 gols da Portuguesa, para depois tornar-se o melhor goleiro do Brasil- e também dos que estavam lá em cima e que por uma falha foram condenados para o resto da vida.
Neste caso, se encaixa o drama do goleiro Barbosa, que vinha sendo considerado o melhor goleiro da Copa de 1950 e por uma falha de reflexo- em minha opinião nem frango foi- no fatal gol do uruguaio Gigghia- teve de pagar até seus últimos dias, ouvindo o que não merecia.
É complicada a vida de goleiro.
Voltando ao jovem Fábio, trata-se de um enigma: ao contrário dos jogos de antes da Copa, quando mostrou-se quase perfeito- do fim da Copa em diante vem-se mostrando um goleiro de características incomuns: é capaz de fazer defesas sensacionais, mas, de repente, vem tomando gols que o derrubaram, vários, entre eles o gol diante do Sport quando deu um soco para as próprias redes ou o de Conca, no último sábado, marcado sem ângulo, com a bola batendo no peito do goleiro.
Não creio ser o caso de Fábio, que pode ter ainda um belo futuro, mas em outros tempos chamavam os goleiros que faziam grandes defesas e tomavam frangos históricos de goleiros de times pequenos porque para o seu gol iam 10, 12 bolas e a sequência de intervenções fantástica era notável: pouco importavas as duas ou três falhas, passavam despercebidas. Quando vinham jogar em time grande, no entanto, com poucas bolas a serem defendidas, as falhas eram muito mais notada, evidentemente.
E criou-se o estigma: goleiro de time grande é o que não leva frango.
Sinceramente, no caso de Fábio acredito que o problema seja outro. Além de emocional, creio que lhe fará bem um período de reciclagem, de exaustivos treinos de fundamentos, inclusive o de sair jogando com os pés (lembram-se do gol de Pato, quando Fábio, na reposição da bola, deu um chute fraquinho para os pés de Ganso?), detalhes assim, que também cabem ao preparador de goleiros do Palmeiras.
2- Quando começou a jogar pelo Botafogo, Jobson deixou claro que seria um dos melhores atacantes do Brasil: liso, driblava os marcadores com facilidade para depois emendar com chutes fortes. Era um terror! A boa fase, no entanto, durou pouco e, segundo consta, a noite e certos hábitos ficaram mais importantes para ele do que as efêmeras tardes de glória nos campos.
Jobson foi punido, emprestado a vários clubes, pensava-se que tinha chegado o fim precoce. Agora, eis que surge uma nova chance no Botafogo: Jobson foi disciplinado durante os 15 dias em que treinou com o Grupo B dos jogadores e, pelo que disse o técnico Mancini, pode ter uma nova chance a qualquer momento.
Que o garoto saiba aproveitar! Pode ser a última chance…
Sobre o Autor
Sou Roberto Avallone, jornalista esportivo há mais de 45 anos. Primeiro o jornal, depois o rádio; mais tarde a TV. E finalmente, a tal da internet. Troquei a velha Remington - de som marcante e inspirador - pelo mouse e teclado. Seja qual for o meio, seja qual for o ano corrente, lá estarei eu falando sobre minha grande paixão: o futebol. Tem gente que gosta do que faz. Eu faço o que gosto. A diferença parece sutil - mas não é, e faz toda a diferença. Palpitem, opinem, contestem, concordem e discordem neste blog democrático. Não prometo atualizações minuto-a-minuto, nem respostas a todas as perguntas, mas tenham a certeza de que lerei todas elas e darei o meu melhor em matéria de informações, bastidores e memórias. Sejam bem vindos, caros amigos futeblogueiros.