Nunca se jogou tão pouco na história deste país
Roberto Avallone
17/06/2014 18h39
Seria ingênuo atribuir à falta de sorte ou aos tais milagres vistos por Fred que teriam sido realizados pelo goleiro mexicano Ochoa. Na verdade, o empate da seleção brasileira com o México por um pálido zero a zero, na bela Fortaleza, deve-se muito mais a atual mediocridade do futebol brasileiro, cujas características foram asfixiadas ao longo dos últimos tempos.
É este o futebol brasileiro, chamado de melhor do mundo? Meu Deus! Devo ter estado em Marte nestes anos, pois não vejo mais as virtudes do futebol moleque, do drible ousado, dos pontas – como Mané Garrincha, por exemplo – que fazia dos seus marcadores verdadeiros 'Joões Bobos', iam até a linha de fundo e cruzavam para o centroavante fazer o gol.
Ah, só Neymar é capaz um pouquinho disso. O que é muito pouco para as nossas tradições.
Inexplicavelmente, também deve ter sumido do mapa a figura do meio-armador, tipo Gerson, Didi, Jair Rosa Pinto. Quem faz esse papel na seleção de Felipão??
Resposta: ninguém. Trata-se de ledo engano achar que Paulinho, um volante, ou que Oscar, um talentoso ajudante do meio-campo, fizessem esse papel sagrado em nossos campos.
Assim, tirando o ufanismo de alguns especialistas, o que se viu foi um futebol pobre, limitado e anti-verdadeira seleção brasileira. O que se viu, repito, foi um empate justo entre brasileiros e mexicanos, com chances para os dois lados, como se as forças fossem equilibradas e iguais.
Isto não quer dizer que o Brasil tenha perdido suas chances de sonhar com o Hexa, ou que não possa crescer durante a competição. Numa dessas, Neymar pode se superar, surgir algum herói inesperado e a força da torcida contribuir para o sucesso.
Isso pode acontecer, sim. Mas é muito difícil.
Pelo o que se acompanhou, a nossa seleção pode estar sendo vítima novamente do que apresentou Na Copa das Confederações (como, por exemplo, aquela que antecedeu o fracasso na Copa da Alemanha, em 2006) caindo de novo no conto de quem deveria fazer agora o que realizou há um ano. No futebol, este ano pode ter uma duração eterna e destruidora.
Honesto será reconhecer que, pelo menos por enquanto, não dá para comparar o futebol brasileiro com a Máquina Holandesa, com a implacável escola alemã, ou até mesmo com os lampejos da Argentina, de Messi.
Eles estão bem melhores do que nós nesse exato momento.
E futebol… é momento.
Sobre o Autor
Sou Roberto Avallone, jornalista esportivo há mais de 45 anos. Primeiro o jornal, depois o rádio; mais tarde a TV. E finalmente, a tal da internet. Troquei a velha Remington - de som marcante e inspirador - pelo mouse e teclado. Seja qual for o meio, seja qual for o ano corrente, lá estarei eu falando sobre minha grande paixão: o futebol. Tem gente que gosta do que faz. Eu faço o que gosto. A diferença parece sutil - mas não é, e faz toda a diferença. Palpitem, opinem, contestem, concordem e discordem neste blog democrático. Não prometo atualizações minuto-a-minuto, nem respostas a todas as perguntas, mas tenham a certeza de que lerei todas elas e darei o meu melhor em matéria de informações, bastidores e memórias. Sejam bem vindos, caros amigos futeblogueiros.