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Blog do Roberto Avallone

A Seleção chegou, a torcida pelo hexa ainda não. E o encontro com dois Monstros Sagrados

Roberto Avallone

27/05/2014 04h01

Foto: Carlos Moraes

Foto: Carlos Moraes

Na requintada Granja Comary, a Seleção Brasileira já está reunida para a Copa do Mundo. Mas a torcida pelo hexa ainda está distante. Acredito que deva chegar aos estádios para acompanhar a Seleção Brasileira, quem sabe.

Por enquanto, tirando a febre pelo álbum de figurinhas, sinto a frieza da indiferença nas ruas e, mais do que isso, ao contrário de outros tempos, assisto aos protestos contra os candidatos a heróis nos campos.

Pois não foi assim em alguns pontos do trajeto dos jogadores do Rio à suntuosa Granja- e até mesmo em frente ao local da concentração? Nenhuma surpresa, tudo já fora visto na Copa das Confederações e o amor do brasileiro pelo seu "Êh, eta esquadrão de ouro, é bom no samba, é bom no couro" já faz um bom tempo não se compara à época em que perder para o Uruguai, em 1950, deu em episódio conhecido como "A Tragédia do Maracanã", tão grande a tristeza que tomou conta do povo inteiro. Ou que a conquista de uma Copa do Mundo dava mais alegria do que o Carnaval.

A situação piorou agora, reconheçamos, com os gastos para a Copa goleando os desejos de mais saúde e educação. Mas os indícios do divórcio começaram antes, talvez desde quando os jogadores passaram a ser dos clubes do Exterior (até 1970 todos eles atuavam no Brasil), com salários mirabolantes, enquanto antes ralavam por aqui, defendendo os nossos times, com remuneração compatível com a realidade brasileira.

Tipo gente como a gente.

Não estou criticando e nem entrando no mérito, apenas procuro entender por que restou tão pouco da paixão pela "amarelinha". Estou seguro de que os jogadores não tem culpa de nada, pois não pediram para serem estes seres privilegiados que ficam ricos por terem intimidade com uma bola e irem para onde se paga muito mais. E nem impedem que outras profissões sejam reconhecidas como deveriam.

Ah, no passado, existiram os que poderiam ter ido e não foram: Pelé só partiu para os Estados Unidos aos 34 anos, depois de encerrar a carreira no Santos, clube ao qual dedicou o talento e a juventude- e teve muitos propostas para sair; Mané Garrincha estourou todos os meniscos por aqui, terminando a vida num catadão que se exibia pelas cidades do interior. E daí por diante.

Valeu a pena?

Nesta-segunda-feira, num "papo de mesa" promovido pelo Sesc- São Caetano, reencontrei dois Monstros Sagrados que também poderiam ter feito fortuna lá fora, enquanto jogadores, e preferiram doar talento e amor ao Santos e à Seleção Brasileira: os campeões do mundo Zito e Pepe– este, o segundo maior artilheiro da História do Santos, 405 gols marcados. Ambos lembram, com orgulho, das façanhas e das conquistas. Como se fosse ontem.

Cada um é cada um, já dizia minha santa avó. Cada tempo é um tempo, arrematava meu resignado avô. Claro que nos identificamos muito mais com o romantismo dessa época de talento e devoção à camisa. Mas não custa tentar entender o hábito dos jovens astros- desde que à sua maneira encarem com seriedade a missão de vestir a camisa da Seleção-, não fazendo deles inimigos ou extraterrestres por terem sido bafejados pela sorte, atribuindo-lhes a culpa que nem lhes pertence.

Assim, apesar dos pesares, boa sorte Seleção Brasileira!

Sobre o Autor

Sou Roberto Avallone, jornalista esportivo há mais de 45 anos. Primeiro o jornal, depois o rádio; mais tarde a TV. E finalmente, a tal da internet. Troquei a velha Remington - de som marcante e inspirador - pelo mouse e teclado. Seja qual for o meio, seja qual for o ano corrente, lá estarei eu falando sobre minha grande paixão: o futebol. Tem gente que gosta do que faz. Eu faço o que gosto. A diferença parece sutil - mas não é, e faz toda a diferença. Palpitem, opinem, contestem, concordem e discordem neste blog democrático. Não prometo atualizações minuto-a-minuto, nem respostas a todas as perguntas, mas tenham a certeza de que lerei todas elas e darei o meu melhor em matéria de informações, bastidores e memórias. Sejam bem vindos, caros amigos futeblogueiros.

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